sábado, 25 de outubro de 2008

Speed Racer



Não se engane. Muitos críticos aproveitaram sua total e completa ignorância cinematográfica para tecer elogios a Speed Racer. Mas todos estão errados. Afirmo sem a menor hesitação que o filme dirigido pelos irmãos Wachowski é o pior do ano. É um daqueles fracassos monumentais de bilheteria e pode ser considerado como uma crônica de uma tragédia anunciada.


Antes de mais nada vale lembrar que o personagem Speed Racer, foi criado em 1966, pela Tatsunoko Productions. No ano seguinte, os 52 episódios da série foram dublados para o inglês. No Brasil, para variar, ele chegou com atraso. Somente começou a ser exibido na década de 70. Apesar disso, as aventuras do jovem piloto e seu carro cheio de recursos tecnológicos fizeram muito sucesso.

A desenho foi adaptado para o cinema de forma psicodélica. Na trama, Speed Racer (Emile Hirsch) é um jovem extremamente rápido nas pistas de corrida, embora todos os circuitos em que ele corre pareçam com um autorama gigante. Speed é um piloto agressivo, que usa todos os seus instintos com habilidade e não tem medo do perigo. Quer dizer... praticamente igual ao Rubinho Barrichello só que completamente diferente.

Existe apenas uma pessoa capaz de desafiar Speed, seu irmão Rex Racer. Porém, Rex morreu em um acidente. Como está sozinho e caminho do sucesso, o jovem piloto chama a atenção de uma megacorporação, a Royalton Industries. Recebe uma proposta que pode mudar a sua vida e a de sua família. Porém, Speed decide recusar. Isto irrita o prepotente Royalton (Roger Allam).


Furioso, ele revela a Speed um segredo. Os resultados das corridas mais importantes da temporada são pré-determinadas por um grupo de cruéis magnatas capitalistas, que manipula os resultados somente com o propósito de aumentar seus lucros. Pressionado por todos os lados, ele decide que a única maneira de salvar sua família é derrotando Royalton em seu próprio jogo.


Para obter sucesso na empreitada ele terá a ajuda de ajuda de Trixie (Christina Ricci), sua fiel namorada. Diga-se de passagem, um dos poucos méritos do filme é que o casal se parece muito com os personagens do desenho. Aliás, Christina Ricci tem mesmo cara de mangá... Os dois ainda vão contar com o importante auxílio do "mestre das batidas", o Corredor X (Matthew Fox). O trio vai disputar um rally mortal, que, inclusive, já tirou a vida do irmão de Speed.

O grande erro de Speed Racer - e possivelmente o grande motivo do fracasso do filme - são as corridas. Não é preciso ser um gênio para saber que ver o Mach 5 em ação é um dos poucos trunfos da trama. Porém, os irmãos Wachowski conseguem transformar tudo em uma maçaroca de luzes girando em alta velocidade. A edição é absurdamente confusa e, para piorar, os circuitos em formato de autorama não ajudam em nada.


Outro detalhe idiota é a insistência em reduzir a violência do desenho. Ou seja, na hora das explosões e capotagens, os pilotos acabam escapando ilesos graças a uma bizarra bolha de espuma que os envolve em um casulo de proteção. Só que no Speed Racer normal não tinha perdão. Só o Corredor X deve ter matado uns 30 figurantes.


Os irmãos Wachowski também resolveram apostar em um humor babaca que consegue desagradar tanto as crianças que nasceram em 1960 como as crianças que vivem na era do Playstation e do iPod. Chega a ser irritante ver um trabalho tão patético e pífio apostar todas as suas fichas em uma psicodelia sem sentido, no uso excessivo da computação gráfica e esquecer contar uma história. Enfim, Speed Racer é um filme infantil e infantilóide. Ou seja, se você gostou de uma estultice dessas só pode ser mesmo crítico de cinema...


P.S. - Uma curiosidade: embora muitos incautos expliquem que o capacete de Speed Racer tem a letra M em função do nome do personagem em japonês (Gõ Mifune) a afirmativa é falsa. Na verdade o M, pintado no capacete e no capô do Mach 5, representa o nome da companhia Mifune Motors, a empresa da família. Isto por que os japoneses valorizam muito mais o trabalho de equipe do que o individualismo.

Por quê votar no Gabeira (pra vc Guilhermé, que solicitou argumentos em seu blog)

Bem, uma vez solicitado argumentos para votar no Gabeira (já q o da minha filha não valeu rs), acessei o www.gabeira43.com.br para copiar seu programa de governo, mas o site não está funcionando, vai saber os motivos...
Basearei-me então nas minhas convicções pra tentar convencê-lo a votar nesse homem.
Digo esse homem, e não nesse político por entender que atualmente esse termo político não se designa mais as funções intrínsecas dessa palavra. Entendo como político alguém que possui uma função sórdida e egoísta, alguém que se traveste de homem publico e direcionado aos interesses populares, mas na realidade atua por interesses meramente pessoais. É essa a realidade da nossa política atualmente. Nossos homens públicos não possuem nenhum comprometimento com os nossos interesses, bem como com suas promessas feitas antes de serem eleitos. Por isso acredito que Gabeira não é um político, mas sim um articulador. Ele esta sendo severamente acusado de ser evasivo, mas é exatamente por ser evasivo que acredito nele. Ora, não somos mais inocentes de acreditar que um “político” consiga governar sozinho, nem que consiga realizar tudo o que planejou, por mais bem intencionado que seja. A maquina esta tão podre, que há de ter diplomacia e jogo de cintura para realizar seus intentos. E ele possui plano de governo sim, apenas não faz promessas mirabolantes que todos nos sabemos que não serão realizadas. Ele tem sido de uma transparência e coerência única. Nesse site estava tudo explicado, bem como as prestações de contas de sua campanha, coisa inédita no nosso pais. Todos nos sabemos que a corrupção começa exatamente nas campanhas, com os conchavos, as barganhas de apoios por cargos políticos, e lá se vai por água abaixo todo um projeto montado. E isso ele deixou bem claro que não fará, que não haverá esse tipo de troca. Você pode perceber em suas entrevistas que ele não promete, não discursa para os ignorantes, não é populista. Não ataca o adversário, é limpo e integro. Na entrevista da Globo a apresentadora perguntou: “O que o senhor promete que não haverá no final do seu mandato?” Ele respondeu: “Não posso prometer nada, apenas que haverá transparência durante todo ele.” Quem ficou satisfeito com essa resposta? Os ignorantes, os que abraçam os candidatos na rua, que amam aqueles que beijam criancinhas (e depois se limpam), certamente não. Adorariam escutar: vou acabar com a miséria, com o desemprego, com a violência. É muito fácil prometer, e sabemos que por mais que o governo seja bem sucedido, não é em um mandato que acabaremos com isso, mas com a seqüência de vários governos idôneos. Atentando que quando chamo “os ignorantes”, não me refiro a classes sociais, mas àqueles que ignoram as articulações políticas. Gabeira é, portanto, um candidato que não se vende, não se contradiz, não se suja para ser eleito. E é exatamente por isso que ele tem meu crédito. Não consegui transferir meu titulo de BH pro Rio, mas adoraria tê-lo feito, pra votar nesse homem. Acredito que o Brasil precisa de homens públicos honestos, mais que tudo. Enquanto houver políticos corruptos, não há plano de governo que seja concretizado efetivamente, bem como receita para ser aplicada. Há que ter transparência em suas atitudes e contas governamentais, há que se ter uma visão mais holística de governo, há que se ter decência e coerência. E é isso que Martha Medeiros chama de moderno. Um novo tipo de político, sem esse ranço, sem essa sujeirada que vemos atualmente. E se você conhecesse melhor seus textos, veria que ela não é uma feministazinha, mas sim uma mulher culta e inteligente, atenta às diversas fontes filosóficas mundiais. Certo, na revista de domingo do O Globo ela escreve crônicas mais amenas, mais populares, mas está longe de ser superficial ou fetichista.
Bem, poderia ficar aqui escrevendo eternamente sobre o Gabeira, sobre o quanto pouco valorizamos as ciências sociais e cultuamos as positivistas (uma das críticas a ele é ser um mal administrador), o quanto esse mundo e essa sociedade está precisando entender as diferenças e abolir de vez o preconceito.
Por falar nisso, quando você fala que ele não abordou determinadas questões, eu compreendo o motivo dele. Sabemos que esses assuntos são polêmicos, e que grande parcela da população é preconceituosa. Se ele é gay ou não, se ele usa ou não maconha, isso não é relevante ao cargo. Tendemos a rotular alguém: bicha, ou maconheiro, e nos limitamos a vê-lo apenas como bicha, ou maconheiro, minimizando o ser humano a esses rótulos, e fim. Para que então? Ele precisava expor seus ideais, sua concepção de homem publico, e não suas opiniões pessoais.
Ái, chega, escrevi demais. Tive a pretensão de convencê-lo a votar no Gabeira, e não nulo, mas fica com você. Talvez por uma culpa que fica me remoendo por não ter transferido meu título a tempo, aí tô eu aqui te pentelhando pra votar por mim rsrs. Até poderia convencer outro, mas só conheço uma pessoa que não votará nele, e confesso que já tentei sem sucesso. Eu que tome tento e transfira meu voto para poder exercer minha cidadania da próxima vez rs...
Bjos em todos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Me dei conta de que o Brasil é um país governado por um analfabeto alcoólatra que assinou uma reforma ortográfica e instituiu uma lei seca".







Recebi por email, achei relevante. Autor desconhecido.
PS: Blog novo em http://gutoooo.wordpress.com

domingo, 19 de outubro de 2008

Se o Gabeira Ganhar - Martha Medeiros

“Sempre fomos amigos, ele é uma pessoa capaz e não pretendo vencer a qualquer preço.” O autor dessa frase é Fernando Gabeira, avisando que não engrossará o tom da campanha para enfrentar Eduardo Paes no segundo turno pela prefeitura do Rio.
Infelizmente, algumas mulheres e homens íntegros costumam dar férias para sua integridade durante campanhas eleitorais. Nessa hora, todo mundo vira leão e quer devorar o outro. Imagine um candidato admitir, antes do resultado final, que o adversário é um homem capaz. Por essas e outras é que a grande novidade desta eleição foi a votação expressiva de Gabeira, a despeito de todos os preconceitos que poderiam barrar a alavancagem de sua candidatura. Isso, por si só, já é uma vitória do Brasil – não só do Rio de Janeiro.
Se Gabeira ganhar, será a prova de que o brasileiro está votando de forma mais consciente e que cansou de ficar se lamentando em balcão de bar, repetindo a ladainha de que político é tudo igual.
Se Gabeira ganhar, saberemos que existe uma parcela da população que não tem medo de quem possui uma mentalidade aberta e que está apostando em novos horizontes, em quem tem experiência não só política, mas de vida.
Se Gabeira ganhar, finalmente teremos em um cargo público um homem que conversa com o eleitor feito gente grande, dizendo exatamente o que pensa, em vez de apelar para discursos fleumáticos e repetitivos, entulhado de jargões.
Se Gabeira ganhar, vai ser a recompensa merecida por ele ter peitado Severino Cavalcanti, dando nele um cala-boca que todos nós gostaríamos de ter dado na ocasião do “mensalinho”.
Se Gabeira ganhar, não será apenas o deputado federal que assumirá o cargo, mas também o escritor e jornalista que tantas vezes defendeu as liberdades individuais, os direitos humanos, as formas alternativas de viver em sociedade e que possui uma consciência ecológica que vem de muito antes disso virar moda.
Muitos políticos – inclusive Fogaça e Maria do Rosário, que disputarão o segundo turno aqui em Porto Alegre – já eliminaram a pose de super-heróis e a prosa característica dos “profissionais” da política, aqueles que dizem apenas o que o eleitor quer ouvir, sem compromisso com a viabilidade do que está sendo dito. Mas Fernando Gabeira, pela projeção nacional que tem e pela cidade problemática que pretende governar, é o fato eleitoral de 2008. É interesse de todos nós que a política brasileira experimente, para variar, dar espaço para alguém com um perfil mais ético, corajoso e cosmopolita. Se ele será um bom prefeito, caso eleito? Não sei, ninguém sabe. Mas ter vencido a desconfiança diante da sua biografia incomum já é motivo para comemorarmos. Ao dar crédito para Gabeira, o Brasil ficou um pouco mais moderno.