quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Era uma vez no Oeste



“O ritmo do filme pretendeu criar a sensação dos últimos suspiros que uma pessoa exala antes de morrer. Era Uma Vez no Oeste é, do começo ao fim, uma dança da morte. Todos os personagens do filme, exceto Claudia (Cardinale), têm consciência de que não chegarão vivos ao final”


Sergio Leone


Em mais um dia de sol intenso no Oeste, três homens com longas capas bege aguardam a chegada do trem em sua estação. Não querem bilhetes, mas também não pretendem viajar. De arma em punho, eles apenas esperam, no mais puro tédio que resume a palavra. Um está embaixo de uma goteira, bebendo a água que se acumula em seu chapéu. Outro brinca com uma mosca, que passeava por sua barba por fazer. O terceiro cospe no chão. O vento. A expectativa. O apito. Ele anuncia que a espera chegara ao fim. Os três tomam posição estratégica, aguardando alguma coisa. Ou alguém. Engatilham suas armas e, mais uma vez, esperam. O trem descarrega os itens que para ali se destinam, mas ninguém desce. Os homens observam atentos. Nada. Novamente o apito e o trem começa a andar, partindo. Os homens abaixam suas armas e viram as costas, indo embora. Nesse momento ouve-se o som de uma gaita. Eles param e viram-se rapidamente, com as armas novamente em punho. Assim que o trem termina de passar, um homem revela-se por detrás deles, do outro lado do trilho. Ele tem uma gaita em mãos.


Logo após finalizar sua Trilogia dos Dólares, formada por Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito, Sérgio Leone resgatara todo o respeito e a certeza de que os faroestes poderiam ser bons filmes, não apenas entretenimento barato. Agora almejava novos horizontes. Em sua mente já se desenhava um dos maiores clássicos policiais de todos os tempos, mas a Paramount só bancaria seu sonhado Era Uma Vez na América caso ele fizesse apenas mais um faroeste. Sérgio estava em um beco sem saída, uma vez que, na sua cabeça, já não haviam mais histórias nesse gênero para serem contadas. Mas Leone não se deixou levar pelo olhar ambicioso sobre os lucros que esse novo filme poderia gerar. Se devia ser feito, que fosse algo bom. Leone se juntou então com Sergio Donati, Bernardo Bertolucci e Dario Argento para escrever a história e o roteiro desse seu novo trabalho. Assim nasceu a obra-prima Era uma vez no Oeste.


Jill (Claudia Cardinale) é uma ex-prostituta de New Orleans que largou a vida na cidade grande para casar com Brent McBain (Frank Wolff), um sonhador dono de uma propriedade no meio do nada, viúvo e pai de três lindas crianças. Quando Jill chega à fazenda “Água Doce”, encontra uma chacina realizada na sua nova família. A única pista de quem pode ter feito tal crueldade está em um pequeno pedaço de pano encontrado no local, que remete à cruel gangue de assassinos de Cheyenne. Como Leone queria algo novo para sua história, uma das soluções encontradas foi elevar a importância de Jill dentro do contexto geral, uma vez que Leone não havia reservado papéis importantes para mulheres em seus filmes. A partir do momento que ele coloca Jill no centro de tudo o que acontece no filme, dá uma nova direção aos seus trabalhos também.


Charles Bronson interpreta o mocinho da história, conhecido como “O Gaita”, homem não identificado de jeitão calado e muita atitude. Não sabemos sua motivação até o final, mas sente-se um doce gosto de vingança em suas atitudes, principalmente quando seu caminho se cruza com o da nossa protagonista Jill. A escolha inicial de Leone para o papel seria Clint Eastwood, mas analisando o filme com um todo, percebe-se que não seria uma boa opção. Não que Eastwood não seja capaz de interpretar um personagem como “O Gaita”, e sim por já ter uma personalidade bastante marcada por protagonizar os três filmes anteriores de Leone. Caso Eastwood fosse mesmo o escolhido para o papel, as pessoas poderiam ligar erroneamente o fato de Leone estar fazendo um novo faroeste protagonizado por Clint Eastwood e correrem para o cinema esperando um novo Três Homens em Conflito. Mas não era esse o caso.


Era uma vez no Oeste é um filme muito mais plástico que os outros de Leone, um drama ambientado no Velho-Oeste. Aqui acontece uma história muito mais profunda, sem humor e com violência menos explícita que em seus outros filmes, mas essas não são necessariamente características ruins. São apenas diferentes. Até mesmo o jeitão do “Gaita” não combina com Clint Eastwood. Ele não é irônico, canastrão e nem brinca com a cara das pessoas. Ele é apenas um tremendo grosso que impõe a sua força quando necessário, calado e de atitude. Em Charles Bronson o diretor encontrou a pessoa certa para combinar boa atuação com o perfil que o personagem exigia.


A idéia de utilizar Clint Eastwood, Lee van Cleef e Eli Wallach, os três protagonistas de Três Homens em Conflito, na introdução do filme (a cena descrita ao início desta análise) chegou a ser cogitada, mas infelizmente teve de ser arquivada devido à indisponibilidade dos atores. Seria algo genial, mágico, pois ninguém imaginaria que esses três atores, tão famosos por seus trabalhos com Leone, morreriam logo nos dez minutos iniciais do filme. Metaforizaria também o corte bruto que Leone queria fazer com seus outros faroestes, deixando claro que Era uma Vez no Oeste seria algo novo, e que eles esquecessem os três que ali estavam.


Outra sacada de gênio, porém dessa vez concretizada, foi que Leone conseguiu ninguém menos que Henry Fonda (de Doze Homens e uma Sentença) para fazer o vilão da história. Fonda nunca tinha feito tal papel na vida. Depois do massacre, quando a câmera gira e mostra que o responsável por aquela cruel chacina era Henry Fonda, muitas pessoas ficavam surpresas e já na expectativa do que de novo aquele filme poderia trazer. Suas lentes azuis bem fortes e a ambição de ser uma pessoa grande tornaram-se características imortais para esse cavalheiro agora na pele de um urubu seco para comer suas carniças.


Fechando o elenco principal temos Jason Robards interpretando Cheyenne, um dos personagens mais interessantes de todo o filme. Barba mal feita, jeitão de safado, o cara é conhecido como um cruel assassino no local onde atua. Quando tentam incriminá-lo de alguns crimes que não cometeu, o cara acaba se tornando um dos mocinhos da história, criando um contraste extremamente interessante com a fama que lhe rodeia. Fora que suas cenas de ação, como quando ele salva Charles Bronson no trem de Morton (Gabriele Ferzetti), geram empolgação e remetem ao seu bom e velho faroeste.


Vale lembrar que esta parte é apenas uma referência aos seus outros trabalhos, o que é mais uma característica de Era uma Vez no Oeste. Leone se preocupou a todo momento inserir uma coisa ou outra que remetesse aos mais conhecidos faroestes já feitos, como por exemplo o modo de filmar a ação de filmes como Rastros de Ódio, Matar ou Morrer, No Tempo das Diligências e Os Brutos Também Amam. Até mesmo filmar no Monument Valley, locação preferida onde John Ford filmara oito de seus filmes, Leone filmou. Seu perfeccionismo era tanto que até pegar um pouco da terra vermelha do local para ser usada nas cenas de estúdio, fazendo entrar poeira pelas janelas e portas dos locais, ele usou. Outra significativa inclusão no filme é a chegada da prosperidade ao Oeste, representada pela linha do trem, por exemplo, e o crescimento ao Oeste que ela traria. A tecnologia como um novo elemento.


O ritmo do filme é bem lento, calculado, sempre criando expectativa para o que vai acontecer a seguir e como o que está na tela irá terminar. Leone demorava horas para fazer um plano simples para poder alcançar a mais perfeita estética que estes planos poderiam gerar. Ele deixava que cada um tivesse o seu significado. Leone chegava até mesmo a controlar a quantidade de poeira que estaria em cada roupa de seus atores, e utilizou fotos de época exigindo o máximo de fidelidade de sua equipe na hora de criar a arte do filme. O resultado foram alguns planos memoráveis, como quando Claudia chega na cidade e ainda não temos uma visão do local. Apenas alguns planos da estação de trem e, quando ela atravessa essa estação, a câmera fixa por uma pequena janelinha. Após a grua levar a câmera bem alto, temos noção da dimensão da cidade que fora construída apenas para esse filme (o orçamento folgado liberado para essas construções era maior do que o orçamento inteiro gasto em Por um Punhado de Dólares).


O duelo final entre “O Gaita” e Frank é memorável. Para mim, a melhor cena do filme disparada. Desde a preparação, com a chegada de Frank e o encarar dos dois, até o "mega-hiper-ultra" close nos olhos de Charles Bronson, para representar a entrada na mente dele pelo público, tudo tem seu significado dentro da obra. Com o flashback, todo o filme ganha uma importância extra, pois conhecemos a motivação do “Gaita” e a importância de suas ações. Como drama também, pois a cena é simplesmente revoltante e nos faz pensar se teríamos a mesma calma do personagem em suas atitudes ao se confrontar com Frank.


Outro fator que ajudou Era uma Vez no Oeste a ser uma valsa da morte foi sua trilha musical, algo a que Leone sempre deu muita atenção em suas obras. Cada personagem possui sua trilha sonora própria, entrando em cena juntamente com o seu possuidor. Mais uma vez durante a cena inicial, quando não há nenhuma trilha sendo executada (afinal, não havia nenhum personagem principal em cena ainda), mias uma vez a trilha sonora ficou a cargo do gênio Ennio Morricone, que elevou a importância dos sons naturais para criar sua trilha. Deixou que o moinho de vento fizesse mais barulho, que a goteira fosse percebida, que a mosca fosse tão irritante quanto na vida real. Quando o trem chega, entra a trilha sonora de “O Gaita”.


Certas vezes, antes mesmo do personagem entrar em cena já sabemos que isso irá acontecer, devido à trilha executada por Leone ao início de cada seqüência. Quando dois personagens estão no mesmo local, percebe-se a genialidade: os temas se misturam criando uma nova sensação ao escutar as músicas, aproveitando ao máximo o belo material que tinha em mãos. Ao invés de torrar nossa paciência apenas com os quatro mesmos temas de sempre, Leone nos faz sentir algo extremamente positivo.


O melhor de tudo é que cada tema tem o seu significado. “O Gaita”, por exemplo, ganha um significado cavalar quando, ao duelo final, o flashback eleva sua importância ao extremo. As músicas sempre tiveram uma importância fundamental nos filmes de Leone, mas aqui elas ganham o seu patamar máximo. Foram compostas antes mesmo das filmagens começarem, pois Leone queria que elas ditassem o ritmo que sua história seria contada. Isso ajudou também na preparação dos atores, pois Leone costumava tocar seus temas no set para inspirar os personagens. Leone já tinha na ponta da língua tudo o que queria antes mesmo de começar a filmar. Tarantino aprendeu bem a lição...


Infelizmente, na época em que foi lançado, Era uma Vez no Oeste não alcançou um grande sucesso comercial nos EUA, o que resultou no corte de 20 minutos do filme para deixá-lo mais acessível ao público, bem como o estúdio queria. Só que o reconhecimento veio com o decorrer do tempo. Uma obra de arte poética e sensível, completa como faroeste, perfeita como um filme. Acabou sendo o primeiro de uma nova trilogia imperdível, seguido por Quando Explode a Vingança e a outra obra-prima Era uma Vez na América. Seja fã de Leone ou não, este é um daqueles títulos indispensáveis para quem quer conhecer a boa história do cinema.

Texto de Internet

Ai, bem sei q esse texto ja deve ter rodado 1000 vezes no email da galera, mas eh q realmente me tocou, pois acredito mesmo em amizade, nao com tanta dramaticidade, mas realmente creio q pequenos gestos podem mudar uma vida.

"Um dia, quando eu era calouro na escola, vi um garoto de minha sala
caminhando para casa depois da aula.
Seu nome era Kyle.
Parecia que ele estava carregando todos os seus livros.
Eu pensei:
'Por que alguém iria levar para casa todos os seus livros numa
Sexta-Feira?
Ele deve ser mesmo um C.D.F'!
O meu final de semana estava planejado (festas e um jogo de futebol
com meus amigos sábado à tarde), então dei de ombros e segui o meu caminho..
Conforme ia caminhando, vi um grupo de garotos correndo em direção
a Kyle.
Eles o atropelaram, arrancando todos os livros de seus braços,
empurrando-o de forma queele caiu no chão.
Seus óculos voaram e eu os vi aterrissarem na grama há alguns
metros de onde ele estava. Kyle ergueu o rosto e eu vi uma terrível tristeza em
seus olhos.
Meu coração penalizou-se! Corri até o colega, enquanto ele engatinhava
procurando por seus óculos.
Pude ver uma lágrima em seus olhos. Enquanto eu lhe entregava os
óculos,disse: 'Aqueles caras são uns idiotas! Eles realmente deviam
arrumar uma vida própria'. Kyle olhou-me nos olhos e disse: 'Hei, obrigado'!
Havia um grande sorriso em sua face. Era um daqueles sorrisos que realmente
mostram gratidão. Eu o ajudei a apanhar seus livros e perguntei
onde ele morava.
Por coincidência ele morava perto da minha casa, mas não havíamos
nos visto antes, porque ele freqüentava uma escola particular.
Conversamos por todo o caminho de volta para casa e eu carreguei
seus livros.Ele se revelou um garoto bem legal.
Perguntei se ele queria jogar futebol no Sábado comigo e meus
amigos.Ele disse que sim. Ficamos juntos por todo o final de semana e quanto
mais eu conhecia Kyle, mais gostava dele.
Meus amigos pensavam da mesma forma.
Chegou a Segunda-Feira e lá estava o Kyle com aquela quantidade
imensade livros outra vez! Eu o parei e disse:
'Diabos,rapaz, você vai ficar realmente musculoso carregando essa
pilha de livros assim todos os dias!'.
Ele simplesmente riu e me entregou metade dos livros. Nos quatro
anos seguintes,Kyle e eu nos tornamos mais amigos, mais unidos. Quando
estávamos nos formando começamos a pensar em Faculdade.
Kyle decidiu ir para Georgetown e eu para a Duke. Eu sabia que
seríamos sempre amigos, que a distância nunca seria problema. Ele seria
médico e eu ia tentar uma bolsa escolar no time de futebol. Kyle era o orador
oficial de nossa turma. Eu o provocava o tempo todo sobre ele ser um C.D.F.
Ele teve que preparar um discurso de formatura e eu estava super
contente por não ser eu quem deveria subir no palanque e discursar.
No dia da Formatura Kyle estava ótimo.
Era um daqueles caras que realmente se encontram durante a escola.
Estava mais encorpado e realmente tinha uma boa aparência, mesmo usando
óculos.
Ele saía com mais garotas do que eu e todas as meninas o adoravam!
Às vezes eu até ficava com inveja.
Hoje era um daqueles dias. Eu podia ver o quanto ele estava nervoso
sobre o discurso. Então, dei-lhe um tapinha nas costas e disse: 'Ei,
garotão,você vai se sair bem!'
Ele olhou para mim com aquele olhar de gratidão, sorriu e disse:
-'Valeu'!
Quando ele subiu no oratório, limpou a garganta e começou o
discurso:
'A Formatura é uma época para agradecermos àqueles que nos ajudaram
durante estes anos duros. Seus pais, professores, irmãos, talvez até um
treinador, mas principalmente aos seus amigos. Eu estou aqui para lhes dizer
que ser um amigo para alguém, é o melhor presente que você pode lhes dar.Vou
contar-lhesuma história.
Eu olhei para o meu amigo sem conseguir acreditar enquanto ele
contava a história sobre o primeiro dia em que nos conhecemos. Ele havia
planejado se matar naquele final de semana! Contou a todos como havia esvaziado
seu armário na escola, para que sua Mãe não tivesse que fazer isso depois que
ele morresse e estava levando todas as suas coisas para casa.
Ele olhou diretamente nos meus olhos e deu um pequeno sorriso.
'Felizmente, meu amigo me salvou de fazer algo inominável!' Eu
observava o nó na garganta de todos na platéia enquanto aquele rapaz popular e
bonito contava a todos sobre aquele seu momento de fraqueza.
Vi sua mãe e seu pai olhando para mim e sorrindo com a mesma gratidão.
Até aquele momento eu jamais havia me dado conta da profundidade do
sorriso que ele me deu naquele dia.
Nunca subestime o poder de suas ações. Com um pequeno gesto você
pode mudar a vida de uma pessoa. Para melhor ou para pior.
O destino nos coloca na vida dos outros para que tenhamos um impacto,
uns sobre os outros de alguma forma."

Ai q eu to de T.P.M. e esse texto me fez chorar rsrsrs
Bjos em todos!