sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Desabafo de Alex (Vale a pena ler)

É COM PAZ NO CORAÇÃO QUE ESCREVI, E ESPERO QUE SEJA COM O CORAÇAO E MENTE ABERTA QUE LEIAM AQUELES QUE SE INTERESSAREM...

O Sabor, o Saber e a mosca na minha sopa...

Algumas reflexões são como o fio de Ariadne que nos resgatam de um labirinto de livres associações e idéias desconexas, até um ponto exato onde tudo parece ter um sentido real, uma razão maior, um gerente que coordena todo este grande movimento universal. Este caos cotidiano que parece envolver nossas sinapses numa expressão maior da esquizofrenia que vivemos, também nos põe diante de uma caixa de Pandora pessoal, atônitos, curiosos e apreensivos se devemos abrir ou não a caixa ...Diante do universo de Neo, de ficar na Matrix ou tentar sair dela...

Será que devemos tomar a pílula azul ou vermelha ?

Morpheu :
- Se tomar a pílula azul a história acaba e você acordará na sua cama acreditando no que quiser acreditar.
- Se tomar a pílula vermelha ficará no País das Maravilhas e eu te mostrarei até onde vai a toca do coelho.
O Reino de Morpheu é perverso no sentido em que nos tira os “antídotos necessários” como diria Nietzsche e nos obriga a lidar com uma perspectiva de realidade tão nova quanto absurda. Tão absurda quanto atrativa, e tão apavorante quando líquida... Sem a consistência que sempre encontramos nas historinhas de carochinha que aprendemos desde cedo a acreditar e construir nossa frágil realidade com este pano de fundo.
E nada costuma me perturbar tanto quanto Teatro da Modernidade com seus “Espetáculos de Democracia”, onde tudo parece tão livre, tão honesto, tão justo e tão DEMOCRÄTICO...As pessoas se envolvem em debates acalourados, se ofendem, se expõem mutuamente e saem normalmente com um balanço muito pior que o inicial. Da sempre aquela sensação que ninguém vale nada, que todo mundo tem um esqueleto, e que o único objetivo da POLÏTICA é de cunho pessoal e ilícito. É apenas uma busca de poder e riqueza num prazo menor...É um investimento...

Isto me trouxe a seguinte reflexão:

“Atras de todos os nossos movimentos e decisões não está unica e exclusivamente um investimento com objetivos pessoais ?”
E novamente revisito Nietzsche em “Alem do bem e do Mal”, quando ele defende a tese de que “não existe fenômenos morais e sim interpretações morais dos fenômenos”. E novamente revisito minha adolescência, a militância no movimento estudantil, a colaboração com o movimento sindical, meu trabalho, afetos, amores e amigos...
Curiosamente atras de tudo isso esbarro na ESPIRITUALIDADE.
Não houve momento na história da humanidade onde os indivíduos de uma única geração fossem testemunhas de tantas transformações de proporções planetárias com impactos profundos tanto na geografia e sociologia do mundo quando no psiquismo e no modo de viver mais íntimo dos indivíduos deste orbe. Minha geração cresceu em um mundo que amadurecia formas de controlar e torturar as mentes, com meios mais modernos que os usados na Idade Média pela Igreja Católica. Vivíamos sobre uma polaridade política de Socialismo e Capitalismo, entre Liberdade e Segurança. Vivíamos também os resquícios do medo de uma nova Guerra Mundial, de catástrofes e de apocalispe... De fim de mundo...
Minha geração teve de acreditar e desacreditar em tanta coisa que acabou desacretidando de si mesma e preferiu se entregar a alienação e ao ostracismo. Optou pela ignorância, pelo imediatismo e pela filosofia barata.
Tivemos sonhos destruídos mais de uma vez. Tivemos ideologias pra dar com pau e até este momento caímos neste profundo abismo de obscuridade. Neste Vazio...
Eu vi o Muro de Berlim cair e com ele nossos sonhos de um mundo justo, de um socialismo mundial. Descortinava aos nossos olhos os inegáveis desmandos e absurdos do regime que tanto admirávamos e que lutávamos por ele numa América Latina Socialista. Mesmo o mais eloquente tinha de se silenciar diante do fato inequívoco e indiscutível que a “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas” veio abaixo e com ela uma geração inteira de sonhos e corações partidos. Países em guerras absurdas, se dissolvendo em conflitos étnicos e religiosos que deram origem a estados cada vez menos tolerantes e mais reacionários ainda. Era a vitória do NEOLIBERALISMO. Sofri muito porque tive de negociar com minhas próprias dores, sonhos e ideais. E como era bem jovem talvez tenha sido mais fácil...
Vi prosseguir o desastre que era um sistema opressor que pregrava um crescimento infinito num planeta com recursos finitos. Que pregava a desigualdade entre os povos e o extermínio de culturas milenares, o desrespeito a ARTE, e sua massificação como produto de consumo. Fui testemunha de uma Europa que se desfez em menos de 20 anos, levando os McDonalds ao Museu do Louvree, a EuroDisney e os patéticos condomínios de classe média da Costa do Sol na Espanha que ao ver com tristeza neste verão de 2007 a cidade de Cadiz se transformar numa zona de especulação imobiliária agressiva, transformando os arredores de Sevilha, Cadiz e Jerez numa Guarapari no hemisfério norte... VI o Caminho de Santiago se popularizar como a “trilha do turismo barato”, destruindo as bucólicas vilas de mais de 10 séculos e novamente trazendo a tona o poder da Primazia Católica Espanhola numa terra que acreditava eu progredia.
Vi Paris se tornar um grande mercado de marcas sem história e a elegância dos cafés e da histórica intelectualidade no Quartier Latin, cheia de turistas com sacolas, cafés a 3 euros, e quase tudo igual a Las Vegas. Parecia que o mundo estava se tornando um só... Plano demais...
Nos idos dos anos 90, vi a privatização de tudo que eu achava que devia ser um direito de um cidadão deste planeta e não um produto de consumo. Privatizaram a saúde, a educação, a água, a energia, as estradas, os hospitais, cemitérios, fábricas, petroléiras, institutos de pesquisa e tudo mais... Tudo virou CAPITAL...
Confuso aos meus vinte e poucos anos, sem muito dinheiro no bolso, eu assistia a tudo bastante incomodado, porque eu penso.. E já naquela época pensava e lia muito. E nunca me saia da cabeça a frase de Marx: “E quando o capital ficar maior que os estados ?”
E toda aquela conversa de “estado mínimo”. De mão oculta do mercado, de equilíbrio sistêmico quase me convenceu. O poucos bancos estatais que restavam foram privatizados, e lógico, numa sociedade ambígua ética e moralmente como é a nossa brasileira, tudo aqui ficou pela metade. Foram-se os anéis e ficaram os dedos... em alguns casos apenas...
Minas Gerais foi um dos poucos estados brasileiros que adotou e manteve a postura radical e controversa, na contramão da história. Mesmo privatizando uma coisa ali outra aqui, manteve em seu poder o controle de tudo. Da água, da Energia, do Capital de Fomento, da Pesquisa e Tecnologia, da Informática e por ai vai. Possso dizer sem equívoco que fomos pioneiros nas PPPs, uma vez que em tudo ha um dedo ou influência do PRIVADO, mas com aportes e proteção de um sistema político. Não sou inocente mais o suficiente pra achar que tudo isso ocorreu por razões ideológicas ou humanistas, mas simplesmente porque favorecia a corrupção. Mas de qualquer modo, acredito eu foi melhor assim...
Hoje diante de uma quebradeira mundial de bancos que lastreiam recursos de estados inteiros como Bélgica, Luxemburgo, Holanda e até mesmo uma boa parte dos Estados Unidos. De gigantes estremecerem como a Gasprom, Petrobras, Vale, AIG e por ai vai... E com a descarada alternativa de socialização dos prejuízos imputando aos cidadãos “do mundo todo” a responsabilidade de dividir o prejuízo causado mundialmente por um pequeno grupo que não deve incluir nem 1000 pessoas a socorrer problemas desta ordem, quando em muitas casas quando faltou a grana da hipoteca, do telefone, do pão de cada dia, tiveram seus nomes negativados, créditos suspensos e uma profunda depressão que sempre ocorre nestas ocasiões.
E o que fez o estado mínimo ?
Nada, por que era esta a posição dele.. Ser mínimo.. O mercado resolve suas próprias questões. E resolve mesmo. Resolve com Lobby, com dinheiro público e com a ameaça de piorar ainda mais a dificil vida de um cidadào numa economia globalizada onde o bater de asas de uma borboleta na China cria um terremoto no Vale do Sapucai onde desemprego, menos investimentos e outras coisas mais podem ocorrer por conta da chamada CRISE SISTÊMICA.
Confesso que sorri com ironia ao ouvir no noticiário a estatização em massa de instituições privadas no mundo todo em poucos dias. Jä pensou se fosse o Hugo Chavez que propusesse um pacote de ajuda de 700 bilhões e a nacionalização da AIG ? Ou será mesmo que o Governo americano quer aderir ao socialismo do século XXI e se aproximar da República Bolivariana da Venezuela ? Talvez tivessem algo a aprender conosco, pois aqui na America Latina, ainda temos Petrobras (mesmo que cm grande parte de ações na mão de estrangeiros), PDVSA, Banco do Brasil, BNDES, ELETROBRAS, CEMIG, ELETRONORTE, CORREIOS, SERPRO, e muitas outras instituições em poder do Estado e sob seu comando. Com corrupção ou não, aqui o brasileiro paga a conta,mas paga uma vez só. Lá agora pagam duas, três e sabe-se mais quantas vezes e onde isso vai parar...
Ruiu sim o Comunismo Soviético por meio das privatizações. E esta ruindo o Neoliberalismo Imperialista por meio das estatizações, se é que dará tempo, pois nem entre eles se entenderam ainda.
Ruiram vários sonhos, junto com tudo isso. Mas pior que tudo isso é a desaceleração mundial da capacidade de pensar, refletir e filosofar do SER HUMANO. Diante de tanta contradiçÃo e e da patética realidade das democracias ocidentais, uma nova idade média se apresenta.
Os grandes espetáculos das igrejas pentecostais e carismáticas do mundo inteiro em suas cruzadas contra seus “irmãos ilâmicos” que nunca negaram ao seu ídolo maior, Jesus Cristo (ao contrário dos seus “parceiros judeus” que negam Cristo até hoje) me retornam aos idos do século XV onde os “Auto de Fé” estremeciam ao mais simples cidadão diante do terror de ser acusado de bruxaria, heresia ou algo assim.
Ao invés de melhorarmos depois de tantos exemplos de até onde chega a perversão humana como a matança de cristãos no Coliseu, a perseguição contra os pagãos na Roma de Constantino, as cruzadas entre Cristãos e muçulmanos, o decreto de Alhambra, o massacre dos albigenses e cátaros, a noite de São Bartolomeu, o holocausto judeu, o holocausto sérvio, o holocausto palestino, e por ai vai... Agora tem gente que vai a rua defender a costela de Adão, a perseguição de muçulmanos e árabes, de imigrantes de países pobres, de gays, de turcos...

O preconceito é global mas sua atuação é local...

Novamente invoco Nietzsche que no auge do seu desespero aceitou e foi fiel ao seu SABER, que “QUEM MATA A DEUS TEM DE RENUNCIAR AO CONSOLO DO TEMPLO” ....E o que queremos hoje s ão dois pesos e duas medidas...
Queremos matar o Deus Único. Aquele que a todos criou, aceita e ama. Queremos apenas o Deus de Israel, que na verdade é Jesus Cristo pros ignorantes pregadores de uma doutrina e dogma que desconhecem mas que repetem em comunidades carentes cheias de ignorantes. Usam uma liturgia que se originou mais de 1000 anos antes de cristo com o Culto de Mitra e é ai que o SABER arranca de nós o SABOR e vira uma MOSCA NA NOSSA SOPA. Na sopa de quem pensa...
O SABOR da vida torna-se cada dia mais insípido no SABER e viver uma vida no Vazio é muito dificil. E é ai que queremos novamente a pílula azul, cortar o fio de Ariadne e fechar a caixa de Pandora...
Queremos de volta nossa ignorância. Porque precisamos de valores, de crenças, de segurança.
Queremos acreditar num CRISTO CRUCIFICADO por nós, e parafraseando SADE: “A MERDA QUANDO ESCRITA NÃO FEDE” e é por isso que temos a coragem de repetir que existe um DEUS que se fez carne e habitou entre os homens e morreu por nós...
ESTA MERDA NÃO FEDE POR QUE ESTÄ ESCRITA !
E esta escrita por um desejo materialista e perverso, pela prática de um regime que exclui, que oprime, que emprobece, que designifica o indivíduo enquanto ser humano e o resignifica seja como “FORÇA PRODUTIVA e MERCADO DE CONSUMO”
Estes que assim o desejam não renunciaram ao CONSOLO DO TEMPLO. Querem apenas migrar de Burguesia a Clero e viver na abundante vida monástica sejam estes sacerdotes de Mitra, de Delfos, de Isis, de Osiris, de Jeová, de Baal, de Krishna, Hanumann ou de Jesus Cristo. Não importa o Deus, o que queremos é o consolo do templo, sua segurança a sua proteção e o direito de pertencer a uma classe de escolhidos, de privilegiados em relação aos bilhões de outros seres humanos, geneticamente filhos de uma mesma Eva, (mesmo que seja a eva gerada da Costela de Adão) mas a quem não consideramos irmãos, nem dignos da misericordia divina....
Que morram os pecadores sobre os pés do Deus de Abrãao, de Jacó, de Maomé e de Jesus Cristo, pois só nisso estes povos concordam. De resto, há 144.000 ainda pra se diferenciar entre eles. Embora não me pareça sinceramente atitude de um Deus de amor e misericórida...
E o tal do Reino dos Céus que espere, porque no momento o que todos querem é casa, comida, carro do ano, celular da moda, internet, alguma luxúria permitida e uma boa conta corrente com altos limites de crédito e titulos de primeira classe.. Quanto a vida eterna, CAIXÃO NÃO TEM GAVETA ...

Onde será que vamos parar com tudo isso ?

E você acredita em quê ?

Que Deus pode ser tão egoista afim de privilegiar uns e outros ?
O que posso desejar ao meu próximo é que continue conseguindo manter o consolo de seu templo predileto e que continue se vendo como um SER ESPECIAL, privilegiado e filho do Deus Único e poderoso que destruirá seus inimigos... Embora me pareça um pouco violento e humano demais este Deus, ele serve como uma força eficiente de regulação social e psiquíca embora não consiga ainda nos defender de nós mesmos...
Quanto a isso sua Onipotência é questionável....
E que queimem mesmo com o fogo do verbo seus irmãos que discordam de suas teses absolutistas. Que os levem ao Auto de Fé da modernidade, que já não precisa queimar na fogueira. Basta apenas discriminá-lo a ponto de que ele perca o emprego, o sustento, a dignidade, a auto estima e o equilíbrio pessoal. O resto ele fará sozinho...
E você se verá livre do seu IRMÃO de algum jeito.. Ele acabará por cortar os pulsos, ou se encher de algum veneno lícito e permitido. Ou se tornará homem bomba e levará alguns com eles... Acho que isso o Deus de Israel permite, porque acontece tanto...
Que seja feita a NOSSA vontade, Assim na terra como no céu...
E que para fugir a nossa própria consciência, cantemos em coro no fim do tempos...
Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam (Sl 115,1) - (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória).

AMEM....

Alex Ribeiro

03/10/2008