Por Pedro Camacho
Os americanos conseguem fazer uma comédia romântica da lista telefônica. Vejam o caso de Juno, vencedor do Oscar de roteiro original de 2008, o filme é basicamente uma comédia moderninha que tem de fundo temas como gravidez na adolescência, aborto e adoção. Coloque uma trilha sonora de bandas descoladas em cima disso tudo e pronto. Depois é só esperar pelos votos da academia.
Escrito pela ex-stripper Diablo Cody, o filme não disfarça que é na verdade um conto de fadas. Afinal alguém que já foi uma striper com certeza sabe fantasiar. Na vida real se sua filha menor de idade aparecesse grávida, o mínimo que se espera, é que pratos sejam quebrados, ameaças sejam feitas e ao menos duas ou três viaturas da polícia sejam envolvidas. Nada disso acontece no filme. E não importa em que mundinho de faz-de-conta a roteirista viva, solteiros ou recém divorciados nunca receberiam permissão da justiça americana para adotar uma criança. Nem no Brasil maravilha seria possível.
Dirigido sem muito esforço por Jason Reitman, o mesmo do enganador, Thank You, For Smoking (Obrigado Por Fumar), Juno tem vários furos no roteiro alguns intencionais outros por omissão, o que reforça a estranha superficialidade da película. A idéia parece ser tornar os assuntos tratados no filme, em algo tão trivial e corriqueiro como escovar os dentes. Tipo, só na cabeça de uma ex-stripper mesmo.
Para piorar as coisas, Juno é desse tipo de filme que a cada seqüência é introduzida por uma nova canção na trilha sonora. Sem falar nas inúmeras referências musicais presentes no roteiro moderninho. Bandas como Iggy Pop & The stooges, The Runaways, Sonic Youth e Melvins, por exemplo, são citadas nominalmente. Tudo só para mostrar o quão moderninha e descolada é a protagonista Ellen Page, que é a melhor coisa do filme. Já o pai da criança, Michael Cera, de Arrest Development repete, basicamente, seu antigo papel na série. Quer dizer, ao menos sua interpretação é idêntica.
No final das contas, Juno talvez seja a mais improvável comédia romântica de todos os tempos. Mas isso não é necessariamente um mérito. Parece mais uma concessão mercadológica de alguém que quer agradar conservadores e liberais, com um filme com potencial para ofender ambos.
Um comentário:
Concordo, concordo, concordo! Ai, mea culpa, me joguem no milho, mas eu gostei rsrsrs. Ok, nao amei, mas me diverti com o filme. Vergoha Renatinha kkkkkkkkkkkk
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