quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Para pensar...

REFLEXÃO SOBRE A PERCEPÇÃO DE VALOR INTRÍNSECO
Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.
A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?
Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia, e pelas instituições que detém o poder financeiro.

2 comentários:

JACK disse...

Ei, Rê!
Veja como são as coisas, eu já ia postar um texto quando você postou esse, então eu resolvi l^-lo antes de postar e o seu texto fala das mesmas coisas do texto que eu ia postar! Então achei mais adequado colocá-lo aqui como um comentário ao seu post, veja o que você acha e se for de seu agrado a gente posta também:

Pra gente pensar...

NORMOSE

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o
fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me
pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de
normose, a doença de ser normal.

Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é
exatamente fácil de alcançar. O sujeito 'normal' é magro, alegre, belo,
sociável, e bem-sucedido.

Quemnão se 'normaliza' acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os
outrosesperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras
manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem
espera o que de nós?

Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando
tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem. Nenhum João, Zé ou
Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos
exige é uma coletividade abstrata que ganha 'presença' através de
modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei
que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, sejam lá quem for
todos.

Melhorse preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira.

Ela estimula a inveja, a auto-depreciaçã o e a ânsia de querer o que não se
precisa. Você precisa dequantos pares de sapato? Comparecer em quantas
festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário
fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um
pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira:
não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que
desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver
uma vida a seu modo.

Criaram o seu 'normal' e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não
passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não
adianta querer tomar para si as ilusões.

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um
pode começar agora e fazer um novo fim."
Beijão, Jack.

Giuseppe disse...

Sim, amigos... muitas vezes nos tornamos engrenagens na máquina do consumo... procuremos o caminho do meio e viveremos menos angustiados. Guardemo-nos de ser cozidos no "PANELÃO" das grandes metrópoles!...